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Jardins Suspensos

Jardins Suspensos

Do VFNO e da So Called Nata da Blogaria

 Divagações, divagações, mas será que a pessoa não pára de emitir opiniões sobre o que lhe vai dando dor nas fontes?!

 

 VFNO já foi, muita gente nas ruas, muita roupa igual, muito sapato alto, muita maquilhagem bem elaborada, muito aproveitamento de uma altura de divertimento para dar largas à parvoíce, muitos sorrisos. Do ponto de vista do espectador comum, é assim que se pode caracterizar o evento em que a confusão se torna insuportável para aproveitar em pleno tudo quanto desejaríamos.

 

 E depois temos o ponto de vista algo mauzinho, o ponto de vista que não deixando de ser verdade, é visto como inveja, como um recalque. Não me mata o saber do que recebem as demais bloggers deste país. Também recebo a minha parte e quando não, dou uso ao dinheiro que ganho honestamente. 

 

 Comprar... Aí está um conceito cada vez mais difícil de entender por parte de algumas autoras. Que, não tendo as visitas relativas a postagens de compras, que logo vos afirmo que costumam ser das que mais acessos dão, começam a dar uso a posts de compras e oferecidos, porque se lemos blogs é porque gostamos de saber da vida dos demais e do que as preenche. Corremos o risco de sair decepcionadas se percebemos que não há compras algumas a apresentar. Ah, esperem, também temos os new in, os novidades cá em casa e todas as suas variações. Vá, até são maneiras algo inteligentes de colmatar a falta do uso do cartão e serve para o preenchimento de uma necessidade de quem lê. Mas nem sequer é esse o sentido deste texto.

 

 Não me apoquenta o ou em que quantidade se recebe, os eventos a que se comparece e o diabo a sete. Irrita-me sim, que só se lembrem das marcas quando esses acontecimentos se dão, quando há algo a receber, algo a trazer. Irrita-me que se fale deste mundo e do outro nos blogs das pessoas, quando postam claro, mas que não haja menção regular sobre os produtos que se recebeu, uma review, swatches, informação. Irrita-me mais que seja isso uma forma de apregoar que não se é escravo das marcas, dos goodies mas wtf, se não vão a um evento que a marca faz sem interesse, convite ou aviso de ofertas e vão quando se sabe que os há, isso de não se ser escravo das parcerias torna-se numa pública atitude interesseira e gananciosa que me revira o estômago. E o VFNO foi apenas mais uma entre muitas ocasiões em que foi fácil e deplorável constatar isto. Ah, espera, também me irritam as cunhas e as sombras e as colas, que trabalhar para ter direito a algo é coisa demasiadamente difícil de concretizar para quem tantas vezes mente com todos os dentes.

 

 Mais, as marcas são culpadas nesta realidade, ao perpetuarem um sentimento de extrema gratidão para com quem, embora possa ter sido uma mais valia no passado, hoje não aumenta em nada a divulgação, a informação ou a proximidade entre essas marcas e o público em geral, quando é para isso que se recebe às colecções inteiras. Deixar de avaliar o conteúdo dos posts associados a si e continuar a apoiar quem apenas aparece ou fala quando isso lhe traz dividendos imediatos, é simplesmente bad PR. Elevar bloggers mais antigas a um estatuto e estado fixo, como se da nata da nata se tratassem, e que muitas vezes não fazem esforço algum para serem activas ou para pelo menos tentar melhorar os seus espaços, é estar estagnado. 

 

 Ah mas eu não trabalho de borla e yada-yada. Essa afirmação mete-me asco. Recebes 4 produtos no decorrer de um mês e não fazes um post sequer durante dois meses, apenas postas no instagram para que toda a gente saiba o que tens, não apareces quando é apenas apoio e interesse genuíno o que move as pessoas mas estás lá quando te dizem que te vão dar algo para agradecer a visita.  

 Sintam-se livres de enfiar barretes e lançarem-me pragas, quem não deve não teme. Gastei dinheiro para ir aos Armazéns do Chiado a partir do momento em que percebi o que lá se passaria e o quanto achei que a minha presença seria mais uma forma de apoio a quem mo merece e manifestei-me antes de qualquer incentivo material. E mesmo qualquer oferta material que possa ter vindo comigo nesse dia não cobre o dinheiro que gastei nem aquilo que trouxe em termos de calor humano.

 

 A partir do momento em que fazemos a escolha consciente de ter um blog que estabelece parcerias, recebe produtos, que recebe press releases, que é convidado para comparecer a eventos e lançamentos, estamos a firmar acordos com marcas e companhias, fazendo-as crer que iremos falar sobre os seus produtos, sobre elas e suas novidades. Há marcas e empresas hoje em dia que fazem por minimizar o investimento e rentabilizá-lo, dando regras e directrizes de como as relações entre as duas partes devem ser operadas, mesmo sem obrigar ninguém a falar bem do que vende.

 Podemos escolher falar do que mais se enquadra dentro do blog, filtrando a informação que, principalmente as empresas de comunicação enviam em massa para nós. Não somos obrigadas a publicar todos os lançamentos ou de todas as vezes que nos chega algo novo ao email. Mas se recebemos material, seja a nossa opinião melhor ou pior, falemos sobre as coisas, tanto para informar, como porque é para isso que as recebemos! Precisamos de um balanço, precisamos de alguma regra, de um tanto de conscientização, self-aware e verdade seja dita, de uma batelada de vergonha na cara. 

 

 Por aqui, a programação segue como normalmente, fala-se do que se gosta, do que se compra, do que se recebe, do que se sente, do que se lhe dá na venta, dos lançamentos que vão de encontro ao gosto e apoio de quem escreve em relação às marcas e empresas que apostam neste blog como uma fonte de divulgação. Fala-se como e quando se quer, nesta labuta que é tentar criar um equilíbrio entre tudo o que se quer fazer, no blog e na vida, mas fala-se. Principalmente, fala-se sem contar com o apoio da internet no horário laboral e sem se vender aqui o que se recebe dos parceiros. Ainda não chegámos à Patagónia e se por um lado percebo que as condições de cada um por vezes ditem os actos que não lhe são naturais, a falta de escrúpulos de outros diz-me que se estivesse por trás da máquina que é lidar com bloggers em nome de uma empresa, faria protocolos de conduta que prevenissem e tratassem de ter a condição de acusar criminalmente quem anda nos seus blogs a vender o que recebe, que porra, é uma falta de respeito e de bom senso.

 

 Eu cá gosto de coisas, ter coisas, comprar coisas, receber coisas, desejar coisas, sonhar com coisas. Só não gosto de merdas.

 

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